quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


Brasileiro só poupa metade do que precisa para se aposentar

Segundo pesquisa do HSBC, brasileiro acredita que a aposentadoria vai durar 23 anos, mas também crê que o dinheiro vai acabar 11 anos antes do previsto

Priscila Yazbek, de EXAME.com (redacao.vocesa@abril.com.br)  20/02/2013
Fonte: Você S/A

Os brasileiros preveem que sua aposentadoria durará 23 anos, mas acreditam que suas economias acabarão em 12 anos, ou seja, 11 anos antes do tempo que consideram que permanecerão aposentados. Essa constatação foi feita a partir de uma pesquisa do HSBC sobre aposentadoria realizada com 15 mil pessoas de 15 países, sendo mais de mil entrevistados brasileiros.

Segundo a pesquisa, o brasileiro começa a economizar para a aposentadoria quatro anos antes da média mundial, mas 64% dos entrevistados nunca pouparam para a aposentadoria. Pelo estudo também é possível dizer que os brasileiros se preocupam mais com o curto prazo do que com o longo prazo. 

Se tivessem que escolher entre poupar para as férias ou guardar o dinheiro para a aposentadoria, 49% afirmaram que escolheriam economizar para as férias, 43% poupariam para a aposentadoria e 8% não souberam responder. Aproximadamente 59% consideram inadequada sua preparação para a aposentadoria; 41% declararam que não fazem o suficiente; e 19% admitiram que não estão nem se preparando. Uma parcela de 38% dos entrevistados afirma que poupa regularmente. 

Dentre os que nunca pouparam para a aposentadoria, 42% justificam que não o fazem por causa do alto custo de vida e 24% responderam que não poupam porque nunca pensaram nisso. 


Quando chegar a hora 

Os brasileiros acreditam que poderão viver confortavelmente durante a aposentadoria com 70% da sua renda atual. Ao se aposentar, 51% dos brasileiros disseram que pretendem passar mais tempo com a família e os amigos e 50% afirmaram que irão viajar. Questionados sobre os receios na aposentadoria, as principais preocupações mencionadas foram ter condição para pagar assistência médica e as dificuldades financeiras e parte dos entrevistados também disse que se preocupa em ter problemas de saúde. O receio de dificuldades financeiras é o principal motivo para poupar para a aposentadoria segundo 45% dos entrevistados. E 22% dos entrevistados também disseram que poupam pela percepção de uma baixa qualidade de vida de familiares já aposentados. 

Planejamento financeiro 
A pesquisa também abordou os temas planejamento financeiro e consultoria profissional. Segundo os resultados, 42% dos entrevistados pouparam mais depois de começar a se planejar, seja formal ou informalmente, sendo que entre os que tiveram assessoria profissional, a porcentagem sobe para 58%. A previdência pública é considerada por 37% dos entrevistados uma importante fonte de renda na aposentadoria. Em média, as pessoas ouvidas pelo estudo consideram que a previdência pública comporá 31% de sua renda na aposentadoria. 

Despreparo no Brasil e no mundo 
O estudo do HSBC revelou que a falta de planajeamento não é um problema apenas entre os brasileiros. Segundo a pesquisa, quase metade dos entrevistados em 15 países não está preparada para enfrentar sua aposentadoria de maneira adequada. E alguns dos países com maior renda no mundo, como o Reino Unido, a França, o Canadá e a Austrália são os menos preocupados com a aposentadoria.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


Paixão e negócio: dá para juntar os dois?

Antes de transformar algo de que você gosta em uma empresa, é preciso analisar qual será o modelo de negócio mais viável

Por Marcos Hashimoto*
Fonte: www.revistapegn.globo.com

Gostar do que faz é, definitivamente, um bom primeiro passo para empreender, pois é o que vai dar a determinação de que o empreendedor tanto precisa. Mas há quatro coisas em que ele precisa pensar antes de transformar uma paixão em um negócio: 

1) Muitas paixões se tornam hobbies, mas muito hobby fica chato quando vira trabalho. O trabalho é a obrigação de tirar algum sustento a partir daquela atividade. Quando algo que era feito apenas por prazer vira obrigação, as exigências acabam tornando a atividade pesada e enfadonha. 

2) Será que essa paixão pode se transformar em negócio? Nem sempre isso é possível, primeiro porque uma paixão, enquanto passatempo, demanda pouco tempo da pessoa. O trabalho, principalmente o de tocar um negócio, exige uma dedicação maior, uma qualidade maior e uma especialização maior. Gostar de fazer algo não quer dizer que a pessoa seja boa naquilo. Até há um grande potencial para se tornar excelente, mas existe uma grande distância entre as duas coisas. 

3) A paixão não necessariamente tem viabilidade financeira. Uma coisa é se dedicar a algo de forma artesanal, outra é produzir em escala. Uma coisa é fazer algo por prazer e outra é procurar tanta gente que esteja disposta a pagar a ponto de cobrir os custos e despesas inerentes à constituição de um negócio de fato. 

4) Por fim, uma pessoa pode se dedicar à sua paixão o tempo que quiser e só pensar nisso. Um negócio, por outro lado, exige outras atividades. A pessoa precisa pensar em vendas, fluxos financeiros, fornecedores, funcionários, contador, clientes etc. No final, ele vai descobrir que, com o negócio, o que ele menos vai fazer é justamente se dedicar à sua paixão. 

A partir daí, é preciso pensar em como transformar a paixão em negócio. Para isso é preciso desenhar um modelo viável, e a própria condução da atividade já vai dando forma a esse modelo de negócio. Assim, por exemplo, se eu adoro desenvolver sistemas e tenho facilidade e talento para construir programas, a primeira coisa em que penso é em ganhar algum dinheiro como programador free-lance. Aí eu penso em me dedicar como autônomo e pegar projetos maiores. Depois eu descubro que preciso de alguém para me ajudar e chamo um amigo para fazer algumas coisas mais básicas dos programas. Logo vêm demandas maiores e eu chamo mais amigos. Até que o meu cliente diz que não posso mais ficar informal e aí eu preciso legalizar a empresa e registrar meus programadores. Nesse ponto é que tenho de fazer as contas para ver se vale a pena me tornar empreendedor, mas o modelo de negócio já está constituído, é uma consultoria de sistemas. 

Outro caminho seria o seguinte: começo como programador free-lance. Quando chamo alguém para me ajudar, descubro que preciso ensinar algumas coisas para ele. Vejo que ele aprende rápido não porque ele é bom aluno, mas porque sou bom instrutor. Alguém descobre isso e me pede para dar umas aulinhas para os programadores da empresa dele. Aí vejo que dar aulas é mais legal do que programar e o modelo de negócio se converte em cursos de informática. 

Outra possibilidade seria: começo como programador free-lance, aí participo de uma competição de games na faculdade, escrevo um aplicativo bem legal e ganho a competição. Descubro que eu ganhei não por causa do game, mas por causa do design gráfico que eu fiz. Então descubro que o que eu gosto mesmo é de design, e não tanto de programar. E o meu negócio se torna uma agência de design. 

O que quero dizer é que o modelo de negócio pode ter uma enorme variedade de possibilidades e que a sua paixão não é a mesma quando você começa a navegar mais a fundo no tema. Você vai se descobrindo e ampliando suas possibilidades. Isso é muito comum, é saudável e, dependendo do caso, altamente lucrativo! O modelo de negócio é a forma como você configura o negócio de forma a atender um mercado da forma mais lucrativa possível. Para cada atividade, inúmeros modelos de negócios podem ser desenhados. 

Se você pensa em ganhar dinheiro com a sua paixão, procure pensar em um modelo de negócio que torne isso viável, sem sacrificar o prazer da atividade. Eu já vi vários empresários bem-sucedidos diminuírem o tamanho e a complexidade dos seus negócios ou até venderem parte dele, para poderem se dedicar apenas à parte do negócio que lhes dá prazer. Em algum momento, a vontade de crescer e ganhar mais dinheiro não será mais compatível com o prazer de tocar sua paixão como negócio. O amante de gastronomia que abre restaurante, o amante de vinhos que abre uma vinícola, o turista que abre uma agência de viagens, o esportista que abre uma academia, e assim por diante. Todos eles podem se tornar grandes negócios, mas vale a pena? 

* Marcos Hashimoto é professor de empreendedorismo da ESPM, consultor e palestrante (www.marcoshashimoto.com)